Dois nomes de peso do jornalismo brasileiro ultrapassaram os limites do tolerável nas últimas 24 horas, quando Rachel Sheherazade e Mônica Bergamo fizeram publicações em suas redes sociais promovendo o evento “Facada Fest”, que incita atos de violência contra o presidente Jair Bolsonaro.

Compartilhando o cartaz do evento, Rachel escreveu: “Organizadores do #facadafest foram convocados a prestar depoimento à PF de Sergio Moro por apologia de crime e crime contra a honra de Jair Bolsonaro. Não vamos divulgar o evento nem os cartazes do grupo punk de Belém, taokey? Peço q não retuítem, pela honra do nosso presidente!”.

Obviamente, se tratou de uma postagem irônica da jornalista, onde a intenção foi justamente promover o “Facada Fest”. O titulo criado pelo grupo punk de Belém parece fazer alusão à tentativa de assassinato sofrida pelo então candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora, Minas Gerais, durante as eleições de 2018.

[ATUALIZAÇÃO: Apesar de grandes mídias afirmarem que o evento existe desde 2017, nenhum dos editoriais em questão apresentou detalhes comprovando tal alegação, tais como locais das edições anteriores, cartazes, ingressos ou quaisquer outros elementos contendo o título “Facada Fest”.

A Revista Forum, por exemplo, que pode ter sido a fonte das outras mídias, afirmou apenas isso: “A Fórum apurou que o Facada Fest acontece desde 2017, antes mesmo do episódio da facada contra Bolsonaro em Juiz de Fora”. Não há, contudo, até o fechamento dessa atualização, nenhum outro dado que comprove essa informação, senão uma alegação vaga.

Na página do Facada Fest Belém no Facebook, o grupo também não faz menção a edições anteriores. Em sua história, porém, o movimento afirma que é uma “voz de resistência e anarquia contra o governo de um acéfalo sem capacidade cognitiva que dirige o país”, deixando claro se tratar de uma crítica ao atual governo. A última publicação averiguada pela edição foi de maio de 2019.

Facada Fest
Descrição do movimento Facada Fest Belém em sua página no Facebook. Reprodução: Fecebook

 

Última publicação feita na página da Facada Fest Belém que o editorial do Opinião Crítica teve acesso. Reprodução: Facebook

 Com base nessas informações (ou falta delas), é possível concluir que o título do evento possa ter sido inspirado, sim, no atentado sofrido pelo presidente Jair Bolsonaro em 2018, ainda que edições anteriores a 2019 possam ter ocorrido, mas sem o especificado título. Até que os organizadores apresentem dados confirmando tal alegação, essa associação é inevitável.]

Continuando…

A jornalista Mônica Bergamo, por sua vez, escreveu: “Sucesso: Facada Fest, festival investigado com anuência de Moro, chegou aos assuntos do momento no Twitter.”. A jornalista, portanto, comemorou a escalada de popularidade do evento considerado pelo ministro Sérgio Moro como uma apologia ao crime.

Facada Fest – Apologia ao crime?

Moro explicou o motivo da abertura de inquérito para apurar os responsáveis pelo Facada Fest. “Publicar cartazes ou anúncios com o PR ou qualquer cidadão empalado ou esfaqueado não pode ser considerado liberdade de expressão. É apologia a crime, além de ofensivo”, disse ele em outra ocasião.

De fato, o artigo 287 do Código Penal brasileiro diz que é crime “fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime”.

Ou seja, se o título “Facada Fest”, assim como os cartazes do evento que claramente estão associados à figura do presidente, fazem realmente alusão ao atentado sofrido por ele em 2018, não há o que se discutir quanto à promoção do “ato criminoso”, como prevê o artigo citado.

O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, comentou o episódio lamentável. “Os mesmos que nos acusam de intolerantes e ditatoriais ESTIMULAM deliberadamente uma próxima tentativa de assassinato contra meu pai”, escreveu o parlamentar em sua rede social.

“Não se trata de apoio ou não ao Presidente, de respeitá-lo ou não. Aqui estamos na esfera criminal e não na de debate político”, completou. 

“A tal ‘festa’ é inspirada numa tentativa de assassinato frustada por circunstâncias alheias à vontade do assassino, Adélio Bispo, ex-membro do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Uma vez executada a ordem subliminar, dirão ser um “lobo solitário”. O ódio é combustível da esquerda”, concluiu Eduardo. Veja imagens:

Em uma das imagens do
Em uma das imagens do “Facada Fest”, uma figura que faz alusão a Bolsonaro aparece sendo decapitada.
Figura do palhaço
Figura do palhaço “Bozo” com faixa presidencial aparece sendo perfurada por uma estaca. Reprodução: Google