Quem diria! Ninguém menos que o jornalista americano Glenn Greenwald saiu em defesa da rede social Parler, apontada pela esquerda como refúgio dos apoiadores de Donald Trump e do presidente Jair Bolsonaro, após a plataforma ser alvo de boicote do Google, Apple e da Amazon, ficando inoperante.

Glenn Greenwald, para quem não lembra, foi um dos principais pivôs no episódio dos polêmicos vazamentos de mensagens roubadas por hackes de autoridades brasileiras e membros da operação Lava Jato, em 2019, publicadas pelo site da extrema-esquerda Intercept Brasil.

De volta aos Estados Unidos desde o ano passado, parece que Glenn Greenwald tem surpreendido não apenas a direita, mas também a própria esquerda, uma vez que o mesmo vem se posicionando em defesa da liberdade de comunicação e da democracia, contra a censura nas redes sociais.

Após ter denunciado que o Intercept teria tentado censurar uma matéria sua que iria expor informações bombásticas sobre o filho do presidente eleito Joe Biden, razão pela qual ele mesmo pediu demissão do jornal do qual foi um dos fundadores, segundo a Istoé, Glenn agora surpreende mais uma vez ao sair em defesa da Parler.

“Silenciar concorrentes”

Em sua conta no Twitter, Glenn Greenwald foi taxativo ao dizer que a Parler não teve qualquer responsabilidade no episódio em que o Capitólio americano sofreu tentativa de invasão na última semana, frisando que a reação do Google, Apple e Amazon contra a empresa é por interesses ideológicos.

“Você sabe quantas das pessoas presas em conexão com a invasão do Capitólio eram usuários ativos de Parler? Zero. O planejamento foi feito em grande parte no Facebook. Tudo isso é um pretexto estúpido para silenciar os concorrentes por motivos ideológicos: apenas o começo”, afirmou.

“Os autoritários nunca acreditam que são autoritários, não importa quanta censura, vigilância, chauvinismo e prisão eles exijam. Dizem a si mesmos que seus inimigos são tão malignos e perigosos – terroristas – que qualquer coisa feita em nome de combatê-los é nobre”, escreveu.

O jornalista foi além e acusou os gigantes de tecnologia de exercer um monopólio que ameaça a liberdade política nos países.

“Os monopólios do Vale do Silício são graves ameaças à liberdade política e ao bem-estar econômico…FB, Google, Apple, Amazon – têm riqueza e poder mais concentrados do que qualquer outro na história. Eles usaram a força bruta 3 vezes em 3 meses para manipular a política dos EUA: censurando o NY Post, banindo Trump, destruindo Parler. E os liberais são extremamente favoráveis”, afirmou.

“Eles criaram um sistema onde podem não apenas banir e silenciar quem eles quiserem de suas plataformas monopolísticas, mas também remover plataformas inteiras, seus concorrentes, da internet. Novas armas não são usadas apenas uma vez”, escreveu Glenn em outra publicação.

Esta não é uma manifestação qualquer, caros leitores! Se trata de um dos principais nomes jornalísticos da esquerda reconhecendo o grande perigo à liberdade de imprensa e expressão vigente atualmente, através dos meios de comunicação. Honestidade intelectual desse tipo, nessa altura do contexto político-cultural, é coisa rara que deve ser valorizada.

Não é por acaso que o nome de Glenn não está estampando as manchetes dos principais jornais do país, como ocorreu em 2019 em sua investida contra supostas irregularidades da Lava Jato. É uma surpresa, por exemplo, ainda encontrar suas citações no site esquerdista Brasil247.

A pergunta é: será que há esperança para uma mídia com um mínimo de bom senso? Um mínimo de patriotismo? Um mínimo de defesa em favor de pontos comuns, como a liberdade de comunicação e expressão?