Presidindo a 2ª Turma do STF que analisa um pedido da defesa do ex-presidente Lula para ter acesso às mensagens roubadas da Lava Jato em 2019, o ministro Gilmar Mendes usou a ocasião do seu voto (favorável) para ironizar o ex-ministro Sérgio Moro e toda a equipe da força-tarefa de Curitiba.

Mendes rebateu o argumento de Moro e dos procuradores da Lava Jato, de que o conteúdo das mensagens pode ter sido adulterado, uma vez que foi obtido de forma criminosa, por meio do hackeamento de celular das autoridades.

“Será obra de ficção isso? Foi adulterado em que ponto? Vamos admitir que seja uma obra de ficção. Então que se prove que esses diálogos nunca existiram”, disse o ministro em tom irônico. “Esses hackers de Araraquara são uns notáveis ficcionistas, já que eles escreveram tudo isso. Então vejam os senhores o tamanho do constrangimento.”

Ainda em tom sarcástico, Gilmar Mendes leu algumas das mensagens, onde Moro é citado como “Russo” nas trocas de conversas. “O Russo, que é o Moro, criou seu próprio código de processo penal da Rússia”, disse o ministro.

“Portanto, eles estavam fazendo um Código de Processo Penal. E não era de Curitiba: era da Rússia. Isso envergonha os sistemas totalitários. É disso que nós estamos a falar. A não ser que se prove que isso não existiu, que é obra de um ficcionista”, complementou

Ainda defendendo a autenticidade das mensagens, Mendes disse que “ou os hackers merecem o Nobel de Literatura, ou as mensagens são verdadeiras”, informou o UOL. Sugerindo que o modelo de investigação da Lava Jato não encontra “abrigo na Constituição”, Mendes ainda acusou os procuradores de “tortura”.

“Esse modelo de Estado totalitário teve a complacência da mídia”, disse ele. “Agora já não é o julgamento de um caso. Nós fomos cúmplices. Tortura feita por esta gente bonita de Curitiba. Os fatos são tão graves que estão repercutindo mundo afora.” Veja também:

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