Não adianta! No mundo político, cada passo dado possui um significado, ainda que não intencional. Em outros casos, esses passos parecem mesmo ter algum propósito, a exemplo da filiação do deputado federal Daniel Silveira ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), a sigla que até pouco tempo atrás era presidida pelo ex-deputado Roberto Jefferson.

O motivo parte de um simples questionamento: o que levaria um deputado que foi preso por determinação do Supremo Tribunal Federal, a se filiar a um partido que teve o seu então presidente, também, preso por determinação do mesmo ministro do STF e praticamente pelos mesmos motivos?

Não seria mais natural, neste caso, esperar que Silveira fizesse questão de ficar distante de figuras, grupos ou partidos alvos das mesmas acusações que resultaram em sua prisão, a fim de evitar ser alvo de novas especulações e até de parecer provocativo?

Ora, se a resposta é sim, então nada justifica a filiação de Silveira ao PTB, senão em função de uma boa estratégia. O fato do partido estar sendo moldado para ser a “casa dos conservadores” na política brasileira pode ser a primeira explicação, uma vez que não há outra legenda no país com essa diretriz em seu estatuto.

Unir forças com figuras que também discordam da forma como os ministros do STF vêm reagindo, passando assim uma mensagem de resistência e superação diante dos atos considerados abusivos, pode ser outro motivo.

Somado a tudo isso, também existe a possibilidade de Daniel Silveira estar querendo demonstrar aos seus eleitores que não abandonou a postura combativa e provocativa, capaz de dizer o que pensa mesmo sobre questões polêmicas, como as que disse no começo desse ano, antes de ir parar na prisão.

Ao mesmo tempo, sob o comando da nova presidente do partido, Graciela Nienov, o tom crítico aos ministros do STF pode ser convertido para algo mais politizado e estratégico, respeitoso, embora não fragilizado enquanto conteúdo. Se assim for, o PTB sai fortalecido, assim como o próprio deputado, pois sinaliza a disposição de continuar defendendo às mesmas bandeiras, porém, de forma mais inteligente e não teatral.

Em todo caso, o fato é que a chegada de Daniel Silveira no PTB soa muito mais como uma demonstração de força para 2022. É sinal de resiliência não apenas do partido e sua atual presidente, que nos últimos meses vinha sendo alvo de ataques por parte de alguns membros dissidentes, como também do próprio deputado. A dúvida que resta é: se lançará ao Senado?