A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) repudiou no fim da tarde deste sábado (29/06/2019) a divulgação de novas conversas entre o então juiz federal e hoje ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da força-tarefa da Lava Jato. As novas mensagens foram reveladas na madrugada de sábado pelo site The Intercept Brasil.

No início da noite, a associação divulgou nota em que manifesta “preocupação” com os vazamentos e afirma que as mensagens contidas na reportagem têm “indícios de terem sido adulteradas e de serem oriundas de crime cibernético”.

“A ANPR se manterá implacável na defesa das prerrogativas funcionais dos procuradores da República, garantidas pela Constituição para que eles possam defender, com independência e autonomia, a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis”.

O ministro Sérgio Moro, por sua vez, rebateu neste sábado a divulgação das conversas: “A matéria do site, se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas de procuradores, a maioria de fora da Lava-Jato”, escreveu. Segue abaixo a nota da ANPR na íntegra:

Nota Pública

A ANPR se manterá implacável na defesa das prerrogativas funcionais dos procuradores da República

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) manifesta preocupação quanto à divulgação de mensagens atribuídas a integrantes do Ministério Publico Federal com indícios de terem sido adulteradas e de serem oriundas de crime cibernético.

Neste sábado (29/6), por exemplo, o editor de um site publicou no Twitter mensagem atribuída ao procurador Angelo Goulart Vilella, que teria sido enviada em novembro de 2018. Villela está afastado de suas atividades desde 2017. Depois de as redes sociais reagirem à informação, o site modificou o conteúdo.

O mesmo site publicou mensagem que teria sido escrita em novembro de 2018 pela procuradora Monique Cheker. Na mensagem há menção de que ela teria trabalhado, em 2008, no Paraná. Na verdade, ela atuou em 2008 como Procuradora de Contas do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. 

A publicação ainda divulgou uma mensagem que teria sido escrita em outubro de 2019 (no futuro, portanto) e atribuiu as supostas conversas a procuradores que atuariam na Lava Jato. A maioria dos colegas citados, no entanto, nunca trabalhou nessa operação.

A ANPR cumpre o dever de alertar a sociedade sobre a impossibilidade de considerar como verdadeiras essas mensagens que expõem procuradores da Republica a risco em sua incolumidade física e moral. 

A Polícia Federal está investigando a prática de crimes cibernéticos contra integrantes do MP. Aguardaremos, com serenidade, a conclusão das investigações para adotar as medidas judiciais cabíveis em defesa de nossos associados.

A ANPR se manterá implacável na defesa das prerrogativas funcionais dos procuradores da República, garantidas pela Constituição para que eles possam defender, com independência e autonomia, a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis.

Diretoria da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR)