A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) adiou nesta segunda-feira (24) o julgamento de um novo pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, apoiadores do líder petista acreditam que o tema ainda poderá voltar à pauta nesta terça-feira, e isso tudo graças ao desencontro de informações entre os ministros da Corte.

O habeas corpus do petista – que questiona a atuação e aponta a suspeição do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, durante o processo no qual o ex-presidente foi condenado – estava na pauta do colegiado para ser apreciado nesta terça (25), porém, foi retirado e, teoricamente, não tem data para voltar a ser julgado.

O pedido não é novo. Ele foi apresentado pela defesa de Lula no ano passado, quando Moro aceitou o convite de Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Justiça. Todavia, agora o processo, segundo a defesa do ex-presidente Lula, ganhou novos contornos com a divulgação ilegal de mensagens atribuídas ao então juiz Sérgio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol.

Desencontros no Supremo?

Em nota divulgada na noite desta segunda, a ministra Cármen Lúcia – que assume nesta terça-feira a presidência da Segunda Turma – afirmou que a decisão de retirar o pedido de liberdade da pauta de julgamento não foi dela.

A magistrada ressaltou no comunicado que, na medida em que passará a comandar o colegiado somente a partir desta terça, não incluiu nem excluiu processos na pauta da sessão desta semana. Observe, no entanto, que ela também negou ter excluído alguma pauta e nisso está a margem de esperança dos apoiadores de Lula.

Mais cedo, o ministro Gilmar Mendes – que havia solicitado vista (mais tempo para analisar o caso) em dezembro, quando o pedido de liberdade começou a ser analisado pela Segunda Turma –, justificou o pedido para retirar o habeas corpus da pauta de julgamento desta terça. Ele liberou o caso para julgamento no dia 10, seis meses após solicitar a vista.

Logo após Gilmar Mendes liberar o habeas para julgamento, o então presidente da Segunda Turma, ministro Ricardo Lewandowski, agendou para esta terça a retomada da análise do caso, especificando que o habeas corpus seria o terceiro item da pauta do colegiado.

Nesta segunda-feira, porém, Gilmar Mendes registrou nos autos do processo que tomou a decisão de solicitar a retirada do habeas da pauta após identificar que o pedido de liberdade era o 12º item na fila de julgamento. Por esse motivo, na avaliação do magistrado, seria mais adequado adiar a análise do habeas corpus do ex-presidente.

O gabinete de Lewandowski afirma que não foi o ministro quem alterou a ordem dos casos que seriam apreciados nesta terça pela Segunda Turma, que passou o pedido de liberdade de Lula para a 12ª posição da fila.

O comunicado divulgado pela magistrada deixa em aberto a possibilidade de o pedido de liberdade do ex-presidente ser analisado nesta terça-feira, embora tenha sido retirado da pauta.

“Todo processo com paciente preso tem prioridade legal e regimental, especialmente quando já iniciado o julgamento, como nos casos de vista, independente da ordem na pauta divulgada”, ressaltou Cármen Lúcia no comunicado, referindo-se ao fato de que a Segunda Turma já iniciou a análise do pedido de liberdade de Lula, mas interrompeu o julgamento após o pedido de vista (mais tempo para analisar o caso) do ministro Gilmar Mendes.

No habeas corpus, a defesa do ex-presidente questiona a atuação e a imparcialidade do atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, no julgamento do petista na primeira instância da Justiça Federal pelo caso do triplex do Guarujá (SP). À época, Moro era o juiz responsável pela Lava Jato no Paraná.

O atual ministro da Justiça do governo Bolsonaro condenou o petista a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Esse processo culminou na prisão de Lula após a condenação ter sido confirmada em segunda instância em janeiro do ano passado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Nesta segunda-feira, a defesa de Lula pediu que o Supremo dê prioridade à análise do habeas corpus do ex-presidente, que está preso desde abril de 2018. Os advogados alegaram que o petista é idoso e já está preso há 443 dias.

“O habeas corpus e as causas criminais com réu preso têm prioridade no julgamento com relação a outros processos”, afirmam os advogados. “Ademais […], dar-se-á prioridade na tramitação dos processos e procedimentos em que figure como parte pessoa idosa”, diz outro trecho da peça judicial. Com informações: Diário do Piauí