Estamos encerrando o ano de 2021, talvez o mais rápido que eu já tenha visto, assim como o mais perturbador do ponto de vista político. Não imaginei que viveria para ver no meu país, onde ainda temos um regime de governo democrático, situações tão absurdas como a prisão de pessoas sem direito a julgamento e à ampla defesa, nem mesmo a uma acusação formal de um crime tipificado no Código Penal.

No ano de 2022, portanto, teremos muitos outros desafios e sem dúvida o maior deles será a luta por nossa liberdade de expressão, o direito de trabalhar, educar os nossos filhos de acordo com os valores que acreditamos e também o de decidir o que pode ser melhor ou não para eles em termos de saúde.

Contudo, não vejo como ser possível lutar por um Brasil onde possamos ter os nossos direitos garantidos e respeitados, sem a existência de um projeto de país. Mais ainda, também não vejo como construir esse projeto sem que nós, individualmente, tenhamos a capacidade de colocá-lo acima de algumas diferenças e ambições pessoais.

Já disse isso em outras ocasiões e vou continuar afirmando: se a direita não amadurecer politicamente, a ponto de conseguir se unir em prol da reeleição do presidente Jair Bolsonaro, a nossa chance de derrota diante da fragmentação de votos e desestímulo à união se tornará cada vez mais real.

Mudança de postura é escolha

Para avançarmos, precisamos mudar de postura em relação às críticas que fazemos sobre o governo e alguns apoiadores. A primeira coisa a ser feita é passar a propor soluções, em vez de apontar defeitos. Em outras palavras, é basicamente o que estou tentando fazer aqui, nesse texto.

Tenho visto que, infelizmente, muitos parecem estar mais focados em abrir feridas do que em cicatrizar as que ainda estão abertas. Onde está a sabedoria nisso?

Como resultado, magoamos uns aos outros e assim enfraquecemos o governo como um todo, pois quem o mantém de pé somos nós, os apoiadores. O maior capital do presidente Bolsonaro é o povo, e boa parte desse povo se espelha nas figuras que militam por ele.

Bolsonaro não tem a mídia, a maioria do Parlamento, muito menos o Judiciário ao seu lado. Tudo o que ele tem é o povo. Se nós, que militamos pela direita, racharmos a nossa base com troca de acusações e apontamentos críticos que destroem muito mais do que propõem soluções, consequentemente minamos o próprio governo.

Em quais pontos o meu projeto de Brasil converge com o seu? Como, apesar nas nossas diferenças, podemos colaborar para fazer a população enxergar que o presidente Bolsonaro é a melhor pessoa para continuar governando o nosso país, numa época de avanços do autoritarismo e da desconstrução das soberanias nacionais no mundo inteiro?

Essa é a postura que nós, da direita, devemos ter. Um olhar de proposição e somatório, nunca de divisão. Falsos conservadores e direitistas se revelam por conta própria. Vimos alguns que surfaram nessa onda em 2018, se elegendo nas sombras do presidente, mas  agora, onde estão? O povo já os conhece e sem dúvida dará a resposta nas urnas.

Ou seja, não precisamos promover especulações, atritos e trocas mútuas de ofensas uns contra os outros, como se estivéssemos numa disputa para ver quem é mais legal ou conservador a determinada causa. Deixemos com que as nossas ações falem por si. No mais, o povo julgará.

Se a sua intenção é lutar pelo Brasil, que antes de tudo a sua postura seja colaborativa. Se algo ou alguém deve ser atacado, que sejam os inimigos comuns e não pessoas que compartilham ideias semelhantes às nossas.

Se não acordamos para essa necessidade urgente de mudança de postura, agora, passando a focar em um projeto de Brasil de forma propositiva, a esquerda terá muito a nos agradecer amanhã, porque estaremos ajudando a derrubar um governo que nós mesmos lutamos muito, anos atrás, para levantar. Precisamos acordar enquanto há tempo!