O Alto Comando das Forças Armadas, especificamente do Exército Brasileiro, resolveu não decretar qualquer punição ao ex-ministro da Saúde e general da ativa, Eduardo Pazuello, após a sua participação em um evento de passeio de moto no Rio de Janeiro, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no mês passado.

A decisão fez com que a grande mídia desse um “xilique”, visto que a mesma vinha há semanas pressionando o Exército para se manifestar punitivamente contra Pazuello, o que acabou resultando em fracasso total, uma vez que o mesmo não será punido. A reação midiática não poderia ser diferente, senão a de frustração.

Na leitura do Exército, o ato do qual Pazuello participou não foi de natureza política. Tecnicamente, foi um passeio de moto que atraiu uma multidão, mas que não houve, ali, invocações partidárias, mas apenas falas em favor do Brasil de modo amplo e consensual, como em defesa da democracia e da Constituição.

É verdade que essa leitura é questionável. O fato de estar ao lado do presidente da República num evento qualquer, ainda que informalmente, sem dúvida possui uma conotação política por si só. Todavia, é possível também que a decisão do Exército tenha por trás disso uma intenção. E qual seria essa?

É possível que ao não punir Pazuello, o Exército Brasileiro tenha a intenção de transmitir a mensagem de apoio à autoridade do presidente da República como Chefe Supremo das Forças Armadas, e isto por um motivo claro: por causa das recentes interferências do Poder Judiciário em decisões do Legislativo e do Executivo.

Em outras palavras, é como se o Exército estivesse querendo dizer o seguinte: ‘Entendemos que Pazuello errou, mas reconhecemos que ele estava sob a orientação do nosso Chefe Supremo, o qual poderia tê-lo advertido por conta própria, e mesmo assim não fez por entender que aquele evento não foi de natureza política’.

Não é por acaso, portanto, que a grande mídia em peso tenha reagido negativamente contra o Exército, pois isso demonstra que o “recado” da Força realmente funcionou. Tudo o que a oposição NÃO quer é ver que o presidente da República mantém a sua autoridade diante das Forças Armadas, e uma punição de Pazuello nesse momento reforçaria isso, enfraquecendo Bolsonaro.

Portanto, quando o Exército decide não punir o general, está ao mesmo tempo dizendo que reconhece a autoridade do presidente da República, incluindo a sua decisão de ter Pazuello ao seu lado naquele evento. É um claro recado de coesão e submissão ao Chefe Supremo das Forças Armadas, tudo o que a oposição não gostaria de ver.