A médica Nise Yamaguchi anunciou na terça-feira (21) que disputará uma vaga para o Senado Federal em 2022. De fato, se trata de uma boa notícia o ingresso de uma das profissionais de saúde mais renomadas do Brasil no mundo político, tendo a intenção de contribuir para os avanços nessa área, agora por via administrativa. Todavia, há um problema: ela vai disputar contra Janaína Paschoal?

Se Yamaguchi não mudar de ideia, a resposta é sim, visto que só existe uma vaga de senador por estado, e a deputada estadual Janaína Paschoal já anunciou que irá disputar essa vaga por São Paulo em 2022, assim como também pretende a médica que ficou famosa nacionalmente por defender o tratamento precoce e ser alvo da CPI da Pandemia.

Além de Janaína, outros nomes apreciados pela direita também cogitam a mesma vaga, como do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e talvez Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, caso o atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, se confirme como o candidato de Bolsonaro para o governo paulista.

Erros estratégicos e falta de diálogo

Como podemos notar, bons nomes para o Senado não faltam. A questão é: só existe o Senado? Se temos apenas uma vaga de senador por estado e vários nomes em potencial, não seria melhor reunir esses nomes numa roda de conversa, a fim de traçar um plano estratégico de candidatura que beneficie a direita como um todo?

Se a intenção é colaborar com o país, visando algo maior do que a si mesmo (um ideal), o que impede essas pessoas de buscar unir forças para que todos tenham chances em diferentes cargos, em vez de entrar numa disputa que resultará em desperdício de forças?

Partindo do princípio de prioridade e objetivo, Janaína Paschoal parece ter as melhores condições de vencer a disputa para o Senado. Isso porque, ela já vem atuando como deputada estadual por São Paulo e possui amplo conhecimento jurídico para movimentar possíveis ações contra ministros do Supremo Tribunal Federal.

Não adianta ignorar! Sabemos que um dos grandes, senão o maior interesse do governo Bolsonaro na disputa pelo Senado, é ter a possibilidade de fazer avançar os pedidos de impeachment dos ministros do STF. E nesse quesito Janaína Paschoal já demonstrou iniciativa, mesmo na condição de deputada estadual.

Yamaguchi, por mais honrada – disso não temos dúvida – e alinhada que seja aos ideais conservadores, é marinheira de primeira viagem. O ideal para ela seria mostrar a que veio na Câmara dos Deputados, conquistando ali não só o respeito em sua nova carreira, como também a experiência necessária para lidar com os fortes adversários.

Ricardo Salles e Weintraub possuem gabarito e experiência para ingressar no Senado, de fato. Todavia, será que possuem maiores chances se comparados à Janaína, que foi a deputada estadual mais votada da história de São Paulo? Não seria melhor para eles, nesse momento, tentar garantir uma vaga na Câmara, a fim de engrossar a base governista?

Outro ponto a ser considerado é a possível candidatura por outros estados, no caso para vagas na Câmara. Havendo o apoio de Bolsonaro, figuras como Weintraub, Salles e Yamaguchi podem se tornar extremamente competitivas, mesmo em outro domicílio eleitoral, dado à fama que já conquistaram nacionalmente.

A conclusão, portanto, é que a vaga para o Senado por São Paulo parece estar muito mais garantida para Janaína Paschoal do que para os demais nomes, de modo que uma eventual disputa com ela só irá resultar em desperdício de forças para a direita.

Em vez disso, uma boa estratégia de cooperação entre esses pré-candidatos, além de incentivar a união da direita em um momento de grande necessidade, aumentará as chances de vitória e representatividade nas duas casas do Congresso, que são a Câmara e o Senado, além de facilitar e muito a vida do presidente Jair Bolsonaro.