Sempre que alguém me diz não entender o motivo pelo qual alguns candidatos da direita não conseguem ganhar uma eleição, mesmo apresentando ótimas propostas e um histórico de vida impecável, eu pergunto sobre o que a própria direita fez, através dos apoiadores, em benefício desse candidato a ponto de poder lhe ajudar. Colaborou mais do que criticou, sim ou não?

Essa é uma questão sincera e muito preocupante, porque diz respeito a uma triste realidade em nosso país. Infelizmente a nossa direita ainda é muito imatura politicamente, diferentemente da esquerda, que nesse quesito possui mais “malícia” e sabe reagir a diferentes situações, mesmo quando há divergências.

A nossa direita possui dificuldade de ter uma visão do “todo”, pois é mais voltada para o individualismo partidário. São resquícios da velha política, onde o apoio do grupo só ocorre quando há algum favorecimento, uma contrapartida. Os avanços que tivemos nos últimos anos, desde 2016, passando pela eleição de Bolsonaro em 2018 até hoje, foram dados no campo do individual.

O individual que me refiro diz respeito à influência de pessoas, como o próprio Bolsonaro, que conseguiu reunir envolta do seu nome um grande apoio popular, assumindo o papel político de unificar a direita até então muito dispersa. Ele teve sucesso, mas ainda estamos longe do ideal, pois o que muitos ainda querem não é atuar conjuntamente em favor do Brasil, mas dos próprios interesses.

Satisfação do ego e a sede pela fama

A direita ataca a própria direita, por exemplo, quando questões triviais que poderiam ser tratadas internamente, entre parceiros de causa, são levadas ao grande público de forma sensacionalista, especialmente já em tom de acusação e reprovação. Esse tipo de prática tem sido muito comum em blogs e em canais do YouTube, alguns bastante famosos.

Muitas vezes, infelizmente, tudo o que o “blogueiro” ou o “influencer” deseja é atrair atenção para si, pouco importando se o que publica ou diz condiz com a realidade, e principalmente, se o seu conteúdo vai muito mais ajudar do que prejudicar a direita como um todo.

Atenção, cliques, visualizações e a satisfação de se ver em evidência em dado momento, obtendo ali, como dizem, os seus “15 minutos de fama”, acabam falando mais alto do que a capacidade de avaliar cuidadosamente uma questão a ponto de ponderar o que vale mais ou não à pena escrever, ou falar.

Existem muitos bons blogueiros/jornalistas e influenciadores na direita brasileira. São pessoas que mesmo quando erram, admitem e se corrigem. Outros dizem o que deve ser dito porque são fiéis à verdade, como realmente deve ser, mas sempre ponderando a forma e o momento certo de julgar, aprovar ou condenar pessoas e suas causas, pois antes de tudo consideram a visão do todo e não das partes.

No Brasil, a nossa direita ainda é feita de protagonismos. Antes dos partidos, são os indivíduos. Estamos, por fim, construindo algo sólido para o futuro, onde quem sabe poderemos ter uma fusão dessas duas coisas, mas até lá é preciso que todos nós saibamos ter a maturidade necessária para julgar corretamente causas, pessoas e partidos, separadamente e conjuntamente. Isso não é uma opção, mas uma necessidade.