Nas últimas 24 horas, uma série de informações envolvendo os integrantes do site Intercept Brasil, responsáveis pela divulgação ilegal de mensagens atribuídas ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e aos procuradores da operação Lava Jato, foram divulgadas pelo grupo identificado como “Pavão Misterioso”.

Se trata do mesmo Pavão Misterioso que já havia divulgado, no mês passado, a suposta ligação do jornalista Glenn Greenwald, com um dos hackers mais procurados pela Polícia Federal Americana (FBI), chamado Evgeniy Mikhailovich Bogachev. Foi também com base nessas informações que, segundo informações dessa matéria, a Polícia Federal do Brasil conseguiu identificar parte do esquema envolvendo os ataques à operação Lava Jato, os quais teriam realmente a participação de espiões russos, conforme o divulgado inicialmente pelo Pavão Misterioso.

Dessa vez o Pavão Misterioso voltou à revelar informações ainda mais contundentes e comprometedoras, divulgando diálogos gravados em prints de tela dos supostos envolvidos no esquema contra a Lava Jato, o que significa dizer, obviamente, contra o próprio governo brasileiro.

Glenn Greenwald, o ex-deputado Jean Wyllys, o atual deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), David Miranda (companheiro de Glenn e também deputado), o editor do site Intercept Brasil, Leandro Demori, e o também deputado pelo PT, Paulo Pimenta, tiveram seus nomes citados e os celulares supostamente invadidos (clonados) pelo grupo Pavão Misterioso.

Pavão Misterioso: “Vamos dançar a sua música”

O grupo de supostos hackers (crackers) brasileiros indicou que a partir de agora utilizará a mesma forma de ataque contra os membros do Intercept:

“Pois é Glenn, agora vamos dançar a sua música, já que vale invasão e informação anônima, saia dessa agora. Te pegamos, aliás, vc e seus capachos, tal qual vc é de Pierre, avançaram na escala humana de podridão. A nova corja, né Demori?”, disse o tuíte do Pavão Misterioso, com prints de mensagens que teriam sido trocadas via Telegram entre Greenwald, Miranda, Demori e Wyllys.

 

Segundo o grupo Pavão Misterioso, os interlocutores das mensagens falam sobre uma suposta compra do mandato de Jean Wyllys por Miranda e Greenwald. Chama atenção o fato de que os números dos chips dos celulares, bem como os CPFs associados a eles, supostamente dos envolvidos nas conversas, também foram divulgados.

Ou seja, se os dados (números) forem confirmados pelas operadoras e os órgãos competentes, assim como os prints de tela, será praticamente impossível desvincular o conteúdo das mensagens dos seus autores. Por conta disso, disse o Pavão Misterioso em outro twitter:

“Vamos fazer uma troca Glenn? Publico os Chips e os cpfs de todos aqui e você diz que é mentira. Daí veremos o que as operadoras dizem. combinado?”. Em outro twitter, o Pavão Misterioso disse que neste domingo fará novas revelações sobre o suposto esquema:

“Foi pânico hj? Deve piorar muito domingo! São mais de 200 prints, Chips e cpfs. Não temam donzelas, vossa hora chegou, vcs são muitos mas não sabem voar!”, diz a mensagem.

 

Pavão Misterioso causa alvoroço

A reação nas redes sociais foi imediata, com várias personalidades replicando a divulgação das mensagens do grupo Pavão Misterioso, muitas em clima de comemoração pela revelação do suposto esquema criminoso contra o governo brasileiro.

“A tramóia dos bandidos vai ser toda revelada!!! Glenn seu amiguinho Jean tá precisando de mais grana, libera senão o caldo vai engrossar!!! Freixo ou seria frouxo???? A tua hora vai chegar”, escreveu a psicóloga Marisa Lobo, uma das líderes do AVANTE na terra da Lava Jato, em Curitiba.

O deputado Marcelo Freixo, um dos citados nas mensagens do Pavão Misterioso, afirmou que irá tomar providências contra o grupo. “E vou denunciar essa fraude à Polícia Federal para sabermos quem é o responsável por esse perfil”, escreveu o parlamentar em seu Twitter, dizendo que colocará seu telefone à disposição da PF.

Ponderação

Até o momento não é possível confirmar a veracidade das informações divulgadas pelo Pavão Misterioso por meio de fontes oficiais. Todavia, o nível de detalhamento dos dados, bem como a informação de que os mesmos já foram utilizados como base para a investigação da Polícia Federal (veja aqui), sugere que, no mínimo, estamos diante de algo de máxima gravidade e digno de apuração.