Na tarde da última terça-feira (18/6), executivos da multinacional californiana HempMeds, uma das maiores fabricantes da indústria de maconha medicinal do mundo, estiveram reunidos a portas fechadas na sede da subsidiária brasileira, na Zona Sul de São Paulo.

Por determinação do CEO global, Stuart Titus, que comanda a holding dona da empresa Medical Marijuana, o objetivo do encontro foi traçar um panorama do setor no mercado brasileiro a partir do sinal verde dado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção e uso medicinal e científico dos princípios ativos da controversa planta cannabis sativa, como o canabidiol (CBD).

“Estamos convictos de que a flexibilização das regras para produção, importação e estudo com a matéria-prima será um imenso progresso para a comunidade científica brasileira”, afirmou um executivo da companhia, que pediu para não ser identificado até que as novas regras sobre o tema estejam bem definidas.

“Ainda é cedo para determinar os reflexos dessa medida, mas é certo que haverá mais espaço para a desmistificação em torno da planta e a liberalização para outras finalidades”, acrescentou.

A HempMeds não é a única empresa que está empolgada com o horizonte da maconha no mercado nacional. A Kroger, uma gigante varejista de alimentos dos Estados Unidos, está olhando com atenção para o mercado nacional. Ela venderá produtos à base de canabidiol em suas 945 lojas, em 17 estados americanos, e negocia acordo com um distribuidor brasileiro caso a legislação permita também o uso cosmético, como já pleiteado, além do medicinal.

No Brasil, o potencial da cânnabis é imenso. Pelos cálculos da empresa de dados NewFrontier, em parceria com a start-up brasileira The Green Hub, o país poderia movimentar R$ 4,7 bilhões por ano com a liberação completa, inclusive para uso recreativo. Já no mundo, a indústria legal deve faturar, segundo a consultoria Brightfield Group, US$ 5,7 bilhões (R$ 20 bilhões) em 2019. Até 2022, pode chegar a US$ 22 bilhões (R$ 80 bilhões).

A diretora de pesquisa do grupo, Bethany Gomez, diz que a Web Holdings, maior acionista do setor, cresceu 172% entre 2016 e 2017, com receita estimada de US$ 89 milhões (R$ 330 milhões) no ano passado.

“O interesse contínuo do Brasil pela legalização potencial da cânabis medicinal é parte de um fenômeno global, pois dezenas de países começaram a considerar a cânabis como fonte de tratamento médico viável para uma variedade de doenças e condições”, disse a fundadora e CEO da New Frontier Data, Giadha Aguirre de Carcer.

“Dada a vasta área territorial do Brasil, clima e localização geográfica estratégica, o país tem grande potencial de mercado, não só para aplicações médicas domésticas, mas também para expandir sua exportação para países incapazes de cultivar localmente, como Europa e América Latina.” Até mesmo gigantes do mercado de alimentos e bebidas, como a Coca-Cola, não escondem o interesse.

Comentário:

A preocupação neste caso não é com a liberação da maconha para o uso medicinal ou até mesmo cosmético, dependendo da finalidade do produto, mas sim com a intenção implícita dos comerciantes da maconha com a expansão do mercado, também, para o uso recreativo (fumo).

Conforme é possível observar na matéria acima, a ênfase na exploração econômica é o que dita esse mercado. A saúde dos usuários em decorrência dos possíveis efeitos do entorpecente, se usado fora do contexto medicinal, é o que pouco importa para os grandes investidores. Eles querem lucro!

Portanto, é importante a existência de regras muito bem definidas e rígidas sobre o consumo do produto para fins medicinais e cosméticos, de modo que o governo não crie margem para nenhuma outra finalidade de produção e comercialização do produto.