Uma reportagem do médico Drauzio Varella exibida no domingo passado pelo Fantástico comoveu milhares de pessoas pelo Brasil. A matéria tratou da condição dos presos transexuais, entres eles um conhecido como “Suzy”, o qual não recebe visitas há cerca de oito anos. Diante da revelação, o médico abraçou o detento e demonstrou estar emocionado.

A repercussão foi imediata. Diversas pessoas se mobilizaram para enviar cartas à Suzy, prestando solidariedade e apoio ao detento, preso na Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, São Paulo. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que depois da matéria o transexual recebeu centenas de cartas e também livros, incluindo duas Bíblias Sagradas.

Também foi realizada uma “vaquinha” para ajudar Susy e outros detentos na mesma condição. Até o fechamento dessa matéria o valor arrecadado era de R$ R$ 8.638,00. Mas, o que poucas mídias relataram sobre o caso de Susy foi o motivo da sua prisão. Apesar da comoção acerca da sua história, o que estaria por trás da sua detenção?

Estupro e assassinato de uma criança

Batizado como Rafael Tadeu de Oliveira dos Santos, “Susy” está preso desde 2010. Segundo o seu processo, trazido à tona pelo MBL News, Suzy “em uma segunda-feira do mês de maio de 2010, na Rua Santa Catarina, nº 34, no bairro União de Vila Nova, na Comarca da Capital, o revisionando praticou atos libidinosos consistentes em sexo oral e sexo anal com o menor Fábio dos Santos Lemos, que à época contava com apenas 09 anos de idade”.

“Consta, também, que logo após o ocorrido, com a finalidade de assegurar a impunidade pelo crime anterior, o peticionário matou o ofendido mediante meio cruel, consistente em asfixia, e se valendo de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, haja vista tratar-se de criança, com mínima capacidade de resistência”, diz o processo.

A tia de Suzy, Carlita Teixeira dos Santos, comentou sobre o histórico problemático do transexual, confirmando alguns atos criminosos já praticados pelo mesmo ainda muito jovem. 

“Ele roubava, mentia, não ia para a escola, até doze anos coisas de criança, mas depois dos doze começou a roubar com arma, usava maconha. (…) Fiquei sabendo que ele trabalhava na padaria e foi acusado de estar abusando de uma criança de três anos e os parentes da criança foram na minha casa atrás dele, querendo matar ele”, disse ela.

“Fiquei sabendo que ele foi passar férias na casa do irmão e tentou estuprar meu sobrinho de cinco anos, quatro a cinco anos. (…) Na escola era acusado de pular o muro da escola, ir no banheiro passar a mão em alguém, roubava os professores, de estupro (…)”, afirmou Carlita.

Por trás da história que comoveu milhares de pessoas, portanto, existe outra que aponta para um crime brutal cometido contra uma criança de 9 anos, além das graves acusações levantadas pela tia de Susy.

Vale ressaltar, no entanto, que essa realidade não exclui a importância de poder acreditar na recuperação de um detento, independentemente do crime praticado. Susy está pagando por seu crime, mas ainda não cumpriu a sua pena. Demonstrar indicativos de perdão e solidariedade é um gesto humano, mas relembrar o sofrimento dos que foram vítimas do seu crime, principalmente.

Para consultar o processo de Susy, clique aqui.