A primeira-dama Michelle Bolsonaro despertou a curiosidade do público, ao demonstrar certo distanciamento de alguns parentes, especificamente da sua mãe, avó e tios. Isso ficou mais evidente quando foi noticiado esta semana que a sua avó materna, Maria Aparecida Firmo Ferreira, 78 anos, ficou dois dias aguardando atendimento em um hospital público de Brasília.

A avó de Michelle Bolsonaro mora no Setor Habitacional Sol Nascente, em Brasília, região conhecida como a maior favela da América Latina. Deficiente física, Aparecida caminha com dificuldade e precisa de muletas. Passa muitas horas do dia na porta de casa observando quem entra e quem sai de uma das localidades mais perigosas de Ceilândia.

“No passado, Maria Aparecida esteve confinada na Colmeia – penitenciária feminina de Brasília – por tráfico de drogas. O caso ocorreu em 1997. Aos 57 anos, ela já tinha netos. Michelle, na época, estava com 15 anos”, informou o Metrópoles em uma matéria especial, onde os jornalistas passaram três meses levantando informações sobre a primeira-dama.

Fachada da casa da avó de Michelle Bolsonaro, em Ceilândia. Foto: Metrópoles

 

Mãe de Michelle Bolsonaro

A mãe de Michelle Bolsonaro também foi acusada criminalmente, no seu caso por falsidade ideológica e lesão corporal. Em 1988, o delegado Durval Barbosa, que naquela época chefiava a Delegacia de Falsificações e Defraudações, indiciou Maria das Graças Firmo Ferreira pela tentativa de tirar documento com o uso de uma certidão falsa.

A acusação de agressão foi em 2007. Segundo o documento policial, Maria das Graças teria desferido vários golpes com uma pedra na cabeça de José Ribamar dos Santos, à época um senhor de 62 anos. Questionada pela polícia, a mãe de Michelle contou que era inquilina do homem e estava com aluguel atrasado. Saiu de carro com o locador para tentar encontrar um parente que emprestaria dinheiro para ela quitar a dívida.

Avó da primeira-dama do Brasil. Foto: Metrópoles

 

Porém, no caminho, Ribamar teria desviado o veículo para um matagal e tentado violentá-la. Nessas circunstâncias, Maria o teria agredido. No local, a polícia chegou a encontrar pertences do homem em um saco plástico com gasolina. Mas a pista não chegou a ser investigada e, por isso, a situação não foi esclarecida.

Os tios da primeira-dama

Dois tios de Michelle Bolsonaro também são acusados pela prática de crimes, um pelo estupro da própria sobrinha e outro por envolvimento com milícias. “O irmão mais novo de Maria das Graças, Gilmar Firmo Ferreira, também entrou na mira da polícia. Mora em Ceilândia, mas está foragido”, diz o Metrópoles.

“Gilmar foi condenado em 2018 a 14 anos, 4 meses e 24 dias, em regime fechado, por estupro. De acordo com a denúncia registrada na delegacia, a vítima – uma criança de 10 anos na época – começou a sofrer abusos no ano 2000. Ele é casado com a tia da menina”, acrescenta a reportagem.

O outro tio de Michelle Bolsonaro é o sargento da Polícia Militar do Distrito Federal, João Batista Firmo Ferreira, 56 anos. Ele foi preso em maio desse ano junto com outros policiais, acusados de agir como milicianos em Ceilândia. Ele é suspeito de integrar uma milícia e uma organização criminosa de grilagem de terras que atuava em Ceilândia e no Sol Nascente.

A mãe de Michelle Bolsonaro. Foto: Metrópoles

 

O avó da primeira-dama também foi vítima de violência. Ele foi assassinato de forma brutal em 2015, aos 77 anos, quando já estava divorciado da avó de Michelle. Ibraim Firmo Ferreira morava sozinho e, de acordo com o inquérito, sua diarista chegou para trabalhar, chamou o idoso pelo portão, mas não obteve resposta.

Preocupado, um vizinho pulou o muro, entrou na residência e encontrou o corpo. O delegado de plantão da 31ª Delegacia de Polícia e dois agentes foram ao local e se depararam com grande quantidade de sangue no imóvel. Através de investigação, a Polícia prendeu Raissa Pereira dos Santos e Raquel Mota da Costa, ambas com 25 anos, acusadas pelo crime. Às duas são usuárias de drogas. O crime foi tratado como roubo seguido de morte.

A relação de Michelle Bolsonaro com o pai

Os parentes mais próximos do convívio de Michelle Bolsonaro são o pai, que ficou conhecido nacionalmente pelo apelido de “Paulo Negão”, por ser chamado assim pelo presidente Jair Bolsonaro, e com a atual esposa dele, madrasta da primeira-dama, Maísa Torres. Os dois também moram em Ceilândia.

Natural de Crateús, no Ceará, Vicente de Paulo Reinaldo é motorista de ônibus aposentado e mantém um imóvel alugado em sua propriedade, no valor de R$ 600,00. Tanto Michelle quanto Bolsonaro mantém uma relação mais estreita com o casal, desde quando o atual presidente era um parlamentar com pouca expressão.

Pai de Michelle Bolsonaro, o “Paulo Negão”. Foto: Metrópoles

 

“O casal costumava frequentar a casa de Paulo e Maísa. O político gostava de comer frango ao molho que ela fazia para o almoço. Foram várias as visitas ao sogro, encontros muitas vezes registrados nas redes sociais”, diz o Metrópoles.

Finalmente, o que se percebe é que o distanciamento de Michelle Bolsonaro da sua mãe e avó se deve ao histórico de vida das duas, algo que certamente também não está restrito aos episódios isolados do passado. É possível que outros fatos não revelados, mas típicos do convívio familiar, justifiquem essa distância no presente.

Esta semana o presidente Bolsonaro deu uma declaração deixando claro que a receptividade no Palácio do Planalto existe, mas destacando o estilo de vida “pessoal” da avó de Michelle:

“Ela deve ter uns 50 parentes só na Ceilândia. A família é enorme. Aqui estão abertas as portas se quiserem visitar a gente. Agora, a avó dela tem uma vida pessoal. É bastante idosa, uma pessoa completamente livre. Não sei o relacionamento dela com os seus oito filhos. É família, né? O meu pai dizia lá atrás: ‘Parente bom é parente longe.’”, disse o presidente.