No próximo dia 30 de junho haverá outra manifestação popular, marcada por lideranças de grupos como o Vem Pra Rua, Direita Palmas, Ativistas Independentes, o Movimento São Paulo Conservador e outros, em apoio às propostas encaminhadas pelo governo Bolsonaro ao Congresso, mas especialmente à operação Lava Jato e ao ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Diferente das manifestações do dia 26 de maio, onde a pauta foi mais abrangente, dessa vez a aposta é que a maioria do público demonstre apoio mais expressivo à operação Lava Jato (representando todos os integrantes e o procurador Deltan Dallagnol) e ao ministro Sérgio Moro.

O que nos faz acreditar nisso é o contexto dos últimos dias, onde mensagens divulgadas ilegalmente pelo site Intercept Brasil estão sendo utilizadas como ferramenta de ameaça aos avanços da Lava Jato, assim como aos seus integrantes, incluindo o ministro Moro.

Nesta quarta-feira, outra decisão tomada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve reforçar os discursos de apoio à Lava Jato nas manifestações do dia 30. Os Senadores resgataram um projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados para criminalizar o chamado “abuso de autoridade” por parte de magistrados e membros do Ministério Público.

Com isso, segundo o procurador Dallagnol, a Lava Jato fica ameaçada, visto que se a proposta passar no plenário (posto para análise) do Senado, muitos investigados por crime de corrupção poderão utilizar o discurso de “abuso de autoridade” para intimidar os investigadores. Neste caso, diz o procurador, o cenário seria de inversão: “Os investigados investigando os investigadores”. 

Outro fato que também deve dar o “tom” dos protestos na manifestação do dia 30 foi o julgamento de um novo habeas corpus pela segunda turma do Superior Tribunal Federal, o qual pedia a libertação do ex-presidente Lula, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

Por 3 votos a 2, os cinco ministros da turma negaram o pedido, mas o processo ainda poderá ser analisado. Além disso, dois dos ministros, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram a favor da libertação de Lula, sinalizando uma possível mudança de decisão na Corte em futuras análises.

A soma desses fatos, portanto, são essas: o ataque criminoso de hackers à Lava Jato com possível envolvimento de espionagem russa e a possível colaboração de autoridades brasileiras; a utilização dos dados fornecidos por esses ataques para tentar derrubar o ministro Sérgio Moro, bem como a utilização do mesmo conteúdo como “justificativa” para a libertação do ex-presidente Lula.

Evidentemente, essa não será a única pauta da manifestação no dia 30. A reforma da Previdência e a aprovação do pacote anticrime de Moro também deverão entrar no roteiro, mas certamente não com a mesma intensidade da manifestação de maio, dado o contexto.

Por fim, com a experiência e o fôlego conquistados no dia 26 de maio, quando a população viu que é capaz de se articular de forma “independente”, mesmo com a falta de apoio de grupos como o Movimento Brasil Livre (que dessa vez deve participar do dia 30), tudo indica que o recado de cobrança enviado ao Congresso Nacional será ainda maior.