Criador do movimento Escola Sem Partido, o advogado Miguel Nagib continua fazendo alertas sobre a doutrinação ideológica nas salas de aula. Apesar de ter anunciado que deixaria a luta pela aprovação do seu projeto, após constatar falta de apoio por parte do atual governo, ele não deixou de usar às redes sociais para alertar a sociedade.

“A erotização das crianças e adolescentes é uma constante em nossas escolas. Dizem que é preciso combater a gravidez na adolescência, mas o que mais fazem, desde a educação infantil, é excitar a libido dos jovens”, disse Nagib recentemente.

O projeto Escola Sem Partido foi uma das principais bandeiras eleitorais de figuras conservadoras, como o presidente Jair Bolsonaro, mas para Nagib o movimento foi abandonado após a eleição, o que enfraqueceu a luta pela causa e resultou em derrotas judiciais.

O fato de Bolsonaro e parte dos seus apoiadores terem deixado de citar o Escola Sem Partido e propor a sua aprovação, fez com que Nagib anunciasse a sua saída do movimento no ano passado. “Anuncio com tristeza o fim da minha participação no Movimento Escola sem Partido. Cessa, a partir de hoje, a atividade dos canais do ESP sob minha responsabilidade”, disse ele na ocasião.

Desde então, Nagib tem militado praticamente sozinho contra a doutrinação ideológica nas escolas, e feito críticas pontuais ao governo Bolsonaro por ter deixado o ESP de lado, segundo o advogado. No dia 26 de abril, ele publicou em sua conta no Facebook uma espécie de desabafo que você pode conferir abaixo:

A estratégia gramsciana da ocupação de espaços praticamente eliminou a capacidade do Estado de controlar a educação no Brasil. Em todos os níveis, tanto nas escolas e universidades públicas, como nas particulares, quem comanda a educação em nosso país são os intelectuais orgânicos do Partido gramsciano (não me refiro especificamente ao PT ou ao PSOL ou qq outra sigla).

Tanto a definição do conteúdo que será ensinado (já que os currículos e documentos como a BNCC são elaborados por instâncias burocráticas dominadas pela esquerda), como o que vai ser efetivamente ensinado no segredo da sala de aula, onde não existe nenhuma fiscalização e o professor faz o que quer (e, como ele tb foi doutrinado, o que ele quer coincide com o que o Partido quer), tudo é estabelecido gramscianamente pelo Partido.

O vírus esquerdista infectou todas as células do sistema educacional. Por isso é inútil trocar presidente ou ministro: o sistema continuará nas mãos do Partido. É uma ilusão liberaloide achar que o Estado — esse ente abstrato e centralizado supostamente governado por leis — exerce alguma forma de controle hierárquico sobre a educação no Brasil.

Isso acontece, certamente, em países como China e Cuba onde as ordens são dadas e obedecidas —, mas não no Brasil. Não que não exista nenhuma forma de controle. Existe, mas ele também é feito pelos intelectuais do Partido.

Por isso eu não me canso de dizer: quem pode acabar com a doutrinação e libertar a educação do cativeiro ideológico em que ela se encontra para atender aos interesses políticos da esquerda são os USUÁRIOS DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELAS ESCOLAS.

Só eles possuem a capilaridade necessária para enfrentar a doença no nível celular. Conscientizar e mobilizar essas pessoas era o objetivo do ESP. E estava acontecendo. Repito: estava acontecendo. Essa era a grande revolução antigramsciana que estava em andamento, e foi abortada, estupidamente, por Jair Bolsonaro.