A mídia em peso está fazendo críticas o ministro Ernesto Araújo, pelo fato do mesmo sugerir que a pandemia estaria sendo utilizada para instalar um novo tipo de comunismo no mundo.

Ocorre que ele, em seu artigo, se baseou no filósofo Slavoj ZiZek, que escreveu o livro “Pandemia: Covid-19 e a reinvenção do comunismo”.

Estamos falando de um filósofo que é considerado um dos principais nomes do pensamento contemporâneo, e que para a surpresa dos críticos do ministro Araújo se trata de um teórico marxista. 

Ou seja, Ernesto teve como fundamento a literatura de um “esquerdista”, mas foi pintado pela mídia como um fanático por associar a pandemia ao comunismo. Ora, seria o Slavoj então o lunático por trás disso?

O que muitos não admitem é que algumas pessoas tenham senso crítico próprio ao ponto, até mesmo, de criticar o que é parte da sua defesa, como faz Slavoj em relação à ideologia de Marx, motivo pelo qual o seu livro foi recomendado pelo Opinião Crítica.

Evidentemente, diferentes interpretações são retiradas do pensamento de Slavoj, inclusive ele próprio acerca do que pensa. Em sua perspectiva, o filósofo enxerga uma “reinvenção do comunismo” de modo crítico ao sistema capitalista, onde os governos estariam mostrando que favorecem mais o grande capital, em vez dos pobres.

Quem interpreta Slavoj por outro lado, no entanto, enxerga no pensamento do filósofo como uma confirmação acerca da ideia de que há interesses em se desenvolver um “globalismo”, onde a pandemia serve como instrumento de crítica ao capitalismo para essa finalidade, como defendeu Araújo.

O que há de errado nisso? Nada, apenas diferentes interpretações sobre o mesmo assunto, tendo como ponto comum o pensamento de um filósofo de esquerda.

Quem possui pensamento crítico, verdadeiramente, se mune de todos os fundamentos em relação às diferentes perspectivas de mundo. Ler Slavoj, por exemplo, como deve ter feito o Ernesto, faz parte da postura de quem possui opinião e não tem medo de abalar os próprios alicerces. Algo natural para quem pensa.