Há quase dois anos transexuais e travestis do Tocantins esperam pela criação de um Ambulatório Trans, que atenderia uma demanda já antiga de assistência médica especializada para esse público. 

Segundo a Defensoria Pública Estadual, o projeto tem como objetivo dar a este grupo de pessoas um atendimento especial que os postos de saúde comuns não oferecem. A justificativa seria a falta de atendimento adequado durante procedimentos de transição sexual. Pela falta do serviço, alguns transexuais realizam esse procedimento de forma clandestina, como implantes de silicone, ficando expostos aos riscos de saúde.

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), por meio de núcleos especializados, como o Núcleo Aplicado de Defesa das Minorias e Ações Coletivas de Palmas (Nuamac) de Palmas e o Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa), defende a criação de um ambulatório trans no Estado.

Prioritariamente, a implantação deve ser feita na Capital, com assistência da Prefeitura de Palmas e, posteriormente, nas demais cidades de referência como Araguaína, no Norte do Estado, e Gurupi, no Sul.

Uma reunião ocorrida na sexta-feira, 12, na DPE-TO em Palmas, contou com a participação de representantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Secretaria Estadual de Cidadania e Justiça, Secretaria Municipal de Saúde (Semus), Defensoria Pública e da Associação das Travestis e Transexuais do Tocantins (Atrato) para debater a possível implantação do ambulatório trans.

De acordo com a presidente da Atrato, Byanca Marchiori, a ideia é fazer com que transgêneros recebam o tratamento que deveriam ter em qualquer outro hospital. “Os travestis hoje estão abandonados na saúde pública, mas ela é primordial para nós. Fico muito feliz de ver essa reunião para que mais um passo possa ser dado rumo à implantação do ambulatório, para que possamos ser ainda mais respeitados como pessoa”, disse a presidente.

Integrante da Atrato e transexual, Rafaela Mahare faz o uso da terapia hormonal e relata as dificuldades na aquisição dos medicamentos, devido ao custo e também no direcionamento do tratamento. “Com o ambulatório especializado teríamos a possibilidade de realizar o tratamento hormonal com segurança, com acompanhamento médico, e dos demais profissionais da saúde. Recebendo de forma correta quanto à melhor forma de se realizar o tratamento hormonal e que medicamentos utilizar”, relata.

Ambulatório trans

O projeto do ambulatório trans prevê acolhimento, acesso à terapia hormonal e encaminhamento para realização de cirurgia de adequação do corpo à identidade de gênero a pessoas em processo transexualizador.

O ambulatório deverá prestar assistência multidisciplinar com profissionais como médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros e, para isso, a equipe deve receber capacitação para lidar com questões relacionadas à hormonoterapia, bloqueio de puberdade, entre outros.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Borini Zenuner, lembrou que existe uma portaria da Prefeitura que cria um grupo de estudo para seguir com o processo de implantação das Políticas para o processo Transexualizador do SUS em Palmas, que também contará com a participação da Defensoria.

De acordo com o defensor público Arthur Luiz Pádua Marques, coordenador do Nusa, a criação do ambulatório é uma forma de democratizar a saúde também para a população trans, evitando a necessidade de judicialização na falta de assistência adequada. Com informações: Conexão Tocantins

Comentário:

Para que o processo de “transição sexual”, também conhecido como “mudança de sexo”, se torne incorporado ao Sistema Único de Saúde, ele precisa primeiro ser reconhecido como uma demanda de saúde, porém, de forma correta, o que não é o caso. A verdade é que o interesse de que tal procedimento seja oferecido pelo Estado parte do ativismo LGBT, que está fundamentado em pressupostos ideológicos, e não científicos.

É cada vez maior o número de estudos que apontam os prejuízos físicos e psicológicos em pessoas que iniciaram a transexualização, motivo pelo qual não há consenso científico sobre a viabilidade desse método como uma “solução” para os que desejam adequar seu corpo à sua identidade de gênero.

Por outro lado, há também vários estudos que apontam a dissociação entre gênero e sexo biológico como um transtorno psicossocial, chamado “disforia de gênero”, causado por múltiplos fatores. Neste caso, o reconhecimento dessa demanda de saúde exige o reconhecimento do seu diagnóstico por sua real natureza, e não pelos ditames do politicamente correto, muito menos de qualquer ideologia de cunho sexual.