A revista americana Forbes avaliou, em
artigo, a tradição importada dos Estados Unidos para o Brasil como uma
oportunidade de lojistas aplicarem certos golpes em compradores
compulsivos, felizes por participarem de uma tradição americana que,
segundo o articulista Kenneth Rapoza, “é tão estranha para eles como a
lua”. Para o artigo, se nos EUA a Black Friday é conhecida como o dia
dos descontos, no Brasil ela virá a ser conhecida como “o dia da
fraude”.
Para o autor do texto, se o Brasil
fizesse a Black Friday de maneira correta, haveria pessoas acampando em
frente ao Shopping Pátio Higienópolis, em um bairro nobre de São Paulo,
na noite de quinta-feira (28), ou ao menos grudadas na porta de uma rede
como a Fnac à 1h da manhã. Porque nos Estados Unidos, a tradição é ver
filas de consumidores acampados em frente a grandes redes varejistas à
procura de eletroeletrônicos.
O texto lembra que, na última
terça-feira (26), a Fundação Procon-SP divulgou uma lista com o nome de
325 lojas online que devem ser evitadas por já terem sido alvo de
reclamações de consumidores e por não terem sido encontradas pelo órgão
para o registro dos problemas. Ele destaca também que a fundação deu
dicas sobre o que conferir na hora da compra para estar seguro quanto à
autenticidade da loja e por que evitar transações online em lanhouses.
O autor informa ainda que, se nos
Estados Unidos os consumidores são mais conscientes quanto aos seus
direitos – e às vezes tendem até a abusar deles – no Brasil, isso não
acontece. “O Brasil não é uma sociedade litigiosa. Você é atropelado,
sorri e aguenta”. Ele aponta ainda a criação do site ReclameAqui, que dá
voz aos consumidores lesados por companhias e que, certamente, tem no
Black Friday a época mais movimentada do ano.
Black Friday exige pesquisa
O
Black Friday no Brasil conta com algumas lojas que prometem descontos
de até 95%. A fraude mais comum neste evento são as falsas ofertas, com
“maquiagem” de descontos que nunca existiram, conforme ocorreu em
edições anteriores.
Segundo órgãos de defesa do consumidor, a
pesquisa de preços deve acontecer não só no momento da compra, como
antes dela, para ter ideia de quanto realmente custava o produto fora
desse período.
Renan Ferraciolli, assessor-chefe do
Procon-SP, diz que o consumidor pode exigir o desconto real caso perceba
que uma loja está maquiando a oferta. “O consumidor deve entrar em
contato com a empresa e exigir que o desconto seja aplicado com relação
ao preço que é normalmente praticado. Caso a empresa não aceite, ele tem
à disposição o Procon para dar queixa. O órgão irá entrar em contato
com a empresa para resolver o problema dele e a lesão coletiva que a
empresa causou a todos os consumidores. Não se pode inflar o preço dos
produtos apenas para conceder um desconto maior, pois isso é propaganda
enganosa”.
De acordo com Maria Zanforlin,
superintende de serviços ao consumidor da Serasa Experian, no caso de
compras pela internet, o consumidor também deve pesquisar todas as
informações sobre o site que está participando do Black Friday e só
negociar caso perceba que a empresa é confiável.
Consulta
Para auxiliar o consumidor nesse dia, a
Serasa Experian liberou gratuitamente a consulta do CNPJ das empresas
entre os dia 29 de novembro e 1 de dezembro. O consumidor pode acessar o site da Serasa
e consultar a razão social, ocorrência de protestos, cheques sem fundo,
ações judiciais, endereço, falências e a existência legal da empresa
com a qual pretende fechar negócio.
Maria também destaca que o consumidor
deve se programar antes da compra e não agir por impulso devido aos
grandes descontos. Para todo processo de compra, a recomendação dela é
de planejamento. “Primeiro pense: ‘o que posso aproveitar dessa oferta e
o que estou precisando?’. Uma questão é que às vezes o consumidor
compra muitas coisas pelo impulso e que no fim das contas não estava
precisando”, afirma.
A superintendente da Serasa diz que o
excesso de compras sem planejamento pode fazer com que o consumidor
fique inadimplente. “(O consumidor precisa) saber quanto custa o
produto, quais são as opções de modelos, quais os fornecedores que
disponibilizam esses produtos. Com essas referências você vai mais
certeiro nessa busca”.
Fonte: R7 e Terra